Hoje é dia da saudade, um sentimento feito para o
brasileiro, pelo brasileiro.
Então, comecei a
pensar no que é saudade.
Saudade prá mim é uma casa sem janelas. A minha não fecha a
porta, mas não me deixa sair.
Saudade minha é fruto de uma solidão no meio do povo. Ela me
cala, mesmo quando grito.
Saudade de tudo é muito para se guardar. Mesmo assim o
quarto escuro em que me escondo permite que ela se aninhe ao meu lado.
Ê, saudade! Saudade é passado. Anos, meses, dias, minutos.
Saudade é tolice, coisa de brasileiro, consequência de uma mesticidade que nos
torna frutos, todos, de uma saudade só. De um passado que aprisiona, de uma
porta que não se abre, de uma solidão que não cessa.
Minha saudade se esvai, como uma veia mal suturada em meu
braço; vai fluindo com meu sangue junto. E minha vida segue rumo ao pó. Com
desejos do passado, vai sumindo dia a
dia meus sonhos, e cada passo se transforma em saudade. Ah! Que a sozinhes do
meu ser me permita ser um homem melhor, porque o que resta àqueles que não
podem ter a primazia dos sonhos, que se realize no sonhar do vizinho. Que o
próximo seja o alvo, e a natureza dos meus atos deixe que aconteça assim.
Então, que seja, saudade... um bichinho, uma casa, um fruto
de uma arvore esquecida pelo tempo. Saudade de mim mesmo. Do homem que sou e
sempre tentei – sem conseguir, muitas vezes – ser: humano, sensível, honesto,
fiel a meus princípios. Que seja. Que assim seja, sempre. Porque serei um poço
de saudade, mas nunca deixarei de ser um poço cheio de esperança por mim... por
um mundo melhor.