Vai o cara pela rua, pensando no que fazer: chegar em casa, uma cervejinha, esperar a janta, um trato na patroa, dormir. Que amanhã é dia de ralar cedo, um muro inteiro prá construir.
Resolve dar uma parada no boteco do Jair e tomar uma cana só prá rebater. Ichi Maria! Perdeu a noção das horas, o rango ficou na lembrança, encoberto pelas muitas gangibrinas degustadas entre conversa fiada, tão fiada quanto a conta pendurada.
Trôpego, chega em casa ruidosamente; se escora no sofá e então...
"A policia compareceu à residencia após a solicitação da esposa, que flagrou o marido tentando estuprar a  enteada de 14 anos. Ela alega que ouviu os gritos vindos da sala, onde a filha dormia no sofá e se deparou com o seu marido, pai de mais duas de suas crianças cometendo o ato ilicito. Sem pensar duas vezes solicitou a presença da PM, que chegou rapidamente e o prendeu em flagrante".
É, e agora? Colocar a culpa nas cachaças, na vida malvada, no desinteresse da mulher por sexo? Culpar a quem pela merda efetivada? Quem sabe voltar à infancia e responsabilizar os cacetes que o pai dava quando o pegava no cinco contra um... vai entender.  Mas o que não vai se apagar é a mais  pura verdade: o desrespeito de um pai pela filha de outro. A negação do óbvio: quem é pai que cuide!

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