Muita gente vai criticar o meu pensamento, mas mesmo assim, não posso deixar de externa-lo.
Fui a Inhotim nesse fim de semana; programa tantas vezes adiado, dessa vez pegamos a estrada (a falta de sempre foi o Tico, um cara muito ocupado!). Prá começar, a o passeio começando por Nova Lima se revelou num visual lindo e uma cansativa viagem, ao contrário do que foi a volta.
Na chegada, a surpresa de uma estrutura surpreendente em meio ao "nada". Mato cercando prédios, obras de arte espalhadas entre nascentes, micos e coqueiros. Lindo! Muito lindo mesmo.
Inhotim é um projeto muito bem apoiado, grupos como Itau, Lafarge, Chebly, além do Governo de Minas e do Ministério da Cultura dão à fazenda condições de uma estrutura de primeiro mundo para a exposição, diferente, de obras integradas à natureza.
Iniciamos o passeio e, a cada passo, o leigo aqui, o ignorante cultural dentro de mim, começou a questionar o que significava tudo aquilo, mas acima de tudo, quanto custava, o que valia e, principalmente, o quanto acrescentaria tudo aquilo à cultura regional, à cidade de Brumadinho... a cabeça começou a fritar, calculos rápidos sinalizavam para uma megaoperação de financiamento com dinheiro publico para o deleite de poucos; não poucos no sentido de eleitos, mas na acepção de uma incoerencia de um macro projeto daqueles numa cidade das mais pobres da grande BH, sem nenhuma vantagem para seus moradores.
A cidade, de 30 mil habitantes não vê vantagens reais por abrigar o projeto. A Oscip que gerencia o espaço não se preocupa em divulgar suas contas, mas o calculo aproximado de 160 mil pessoas ao ano sinaliza para um faturamento, só na bilheteria de R$ 2.400 mil anuais. Será, meu Deus, que estou viajando na maionese ao afirmar que tanto dinheiro poderia ser usado em projetos voltados para a efetiva educação popular? Ao invés de tamanho investimento em obras elitistas, 50% de tudo que os grupos empresariais e o governo derramam ali poderiam servir para a formação de pessoas mais preparadas para olhar para aquelas obras e ENTENDER o que elas querem dizer. Caso contrário, o lindo Inhotim só serve mesmo para gente que vive no meio artistico ou gosta de se denominar "entendido".
Não sou contra o projeto, vi coisas que literalmente adorei, me encantei com a limpeza, a ordem, a integração do homem com o ambiente e, acima de tudo, com o coração pulsante da obra de arte criada a partir da natureza. Isso não me nega o direito de acreditar que governo e empresas deveriam ter comprometimento, não com a elite organizada, mas com a massa popular desenganada.

One Response so far.

  1. Jane says:

    O "Dom Quixote" de sempre...

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