A estrada de volta

...e então peguei a estrada, de volta pro meu sossego....
Sai sem rumo, perdido mesmo, como se as coisas que vivi não tivessem mais sentido. Deixei que a deprimencia me possuisse, e então perdi completamente o norte de minha bussola sentimental.
Enchi meu caderno com onomatopéias, prosopopéias, miopias e astigmatismos. Fiquei sem chão, e, lógico, fui de encontro a ele. Fiquei sem ar.
As coisas se precipitaram e o mundo virou ao contrário. De repente, estava na China, procurando me entender com o pouco que eu sei de linguagens estrangeiras. Tentei, não deu certo. Cerrei os olhos e esperei que o mundo se consertasse. Ai sim, procurei de novo a solução de tudo.
Ainda assim não tinha lógica tudo que sentia. Não me parecia justo! Não era o que eu planejara, não foi por isso que lutei tanto. Acho que errei feio no meio do caminho, e minha pergunta não achava resposta.
Procurei entre proverbios e frases feitas a solução. Nada! Achava coisas que pareciam próximas do que sentia, nunca a proposta que aquietasse os pensamentos. Sofria. Seguia angustiado. No fundo do poço.
Mesmo assim, não cedia ao espaço-tempo que me forçava em sentido inverso à minha luta. Lutava contra a luz no fim do tunel, que ao inves de me orientar, só cegava. E aos poucos fui me desesperando. Faltava esperança.
A crise perdurou, insistiu. Tomou conta, se assentou.
Ai me lembrei de algo que poderia ser a solução: se tudo está tão ruim, como pode ficar pior! Deitei minha cabeça num travesseiro mole, cobri as orelhas com uma coberta bem quente... fechei os olhos e dormi. E na terra do sono o que predomina é minha augusta vontade sobre as dificuldades. Em meus sonhos sempre venço. E então me sinto bem.
Sonhei.
E então peguei a estrada, de volta pro meu sossego...